Coelhinho da páscoa ... que trazes pra mim?

Graças aos avanços da biotecnologia hoje é possível fazer o mapeamento e sequenciamento genômico de animais e vegetais. No entanto, embora os avanços da engenharia genética, sobretudo nos últimos tempos, sejam capazes de realizar modificações espantosas, como explicar um coelho botando ovos de páscoa? O que terá acontecido: terá sido os gametas dos coelhos geneticamente modificados que originaram zigotos de chocolate; ou terá sido um ato de rebeldia da embriogénese que, ao invés de desenvolver as características peculiares à espécie, acabou gerando um coelho capaz de botar ovos? Bem, Zoologia não é a minha área mas, alguns estudos básicos em Biologia me proveram conhecimento suficiente para distinguir os ovíparos, os vivíparos e os ovovivíparos. A propósito: a qual destas categorias pertence o Coelho da Páscoa?

Coelhinho da Páscoa, que trazes pra mim...? Assim começa a música infantil de Olga Bhering Pohlmann E, respondendo à pergunta, eu diria que ele traz muitas coisas! Traz pra mim à lembrança de um tempo que não voltará jamais. Tempo em que eu, ainda criança, acreditava em coelhinhos que botavam ovos de chocolate; tempo em que eu aguardava ansiosamente a chegada do Domingo de Páscoa para, logo cedo, sair à procura dos deliciosos confeitos de chocolate que haviam sido escondidos por toda casa. Recordações de um tempo da infância... Tempo de inocência e ingenuidade. Tempo em que a as coisas pareciam ser mágicas...

Traz a certeza de que estou velho. Tempus Fugit. Traz pra mim a consciência de que as coisas da meninice se passaram e agora, só me resta encarar a vida como gente grande. E isto é muito bom! O tempo da ilusão e encantamento não me arrebatam mais. Cresci. Amadureci. Não me deixo levar por vãs filosofias. Conforme Paulo: "Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança, desde que me tornei homem, eliminei as coisas de crianças" (1Cor 13 11).

Traz a oportunidade de entender melhor a maturidade.espiritual. Larguei de mão as coisas que antes me iludiam; as teologias que me faziam acreditar num Deus esteriotipado, do tipo coelhinho da páscoa. Coisas que me encantavam e até me enchiam o coração de emoção... mas que não passavam de ilusões. Idéias erradas de Deus. Enganos que não possuiam nenhum embasamento lógico ou teológico, apenas atraiam (como ainda hoje) a multidão de neófitos.

Traz a chance de perceber que eu abandonei a idéia de uma teologia mais branda, mais amena, menos bíblica. Desejo agora apenas a verdade de Cristo. Tenho fome de uma teologia que encara a realidade dura da vida. Quero viver a mensagem da Cruz e da crucificação pois eu sei que "...se morremos com Cristo, cremos que com ele viveremos" (Rom 6:8). Não sou mais um infante a acreditar nas falácias. Não perco meu tempo com bobagens. Almejo a perfeição.

Finalmente, traz a alegria de saber que Cristo é a única razão da minha celebração pascal! Traz pra mim a confirmação de que esta é a ocasião providencial para a conversão e maturidade, precisamente porque a Páscoa nos ajuda a contemplar este supremo mistério de amor. Afinal, ao meditarmos sobre o dom incomensurável da graça, a Redenção, não podemos nos olvidar que tudo que somos e temos nos foi dado por iniciativa amorosa de Deus. Traz portanto, a revelação de que os meu pecados só poderiam ter sido perdoados por alguém bem maior que o coelho, o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1:29).